Más condições de trabalho, desvalorização salarial, perseguição e intimidação, alguns dos principais itens citados por um grupo de ADEs (Auxiliares de Desenvolvimento Escolar), que atuam na Rede Municipal de Educação de Marília, nas Emeis e Emefs, e que procurou o ex-prefeito, Abelardo Camarinha para pedir ajudar e tonar as denúncias públicas.
O grupo, por medo de perseguição, fez a denúncia de forma anônima, porém, foi categórico em afirmar que a vontade dos profissionais era fazer com que tudo fosse público, para que a população conheça a realidade vivida nas escolas. “Por força da Lei Orgânica, do Código de Ética do Município e da pressão que vivemos, não podemos aparecer e, é por isso, que pedimos o apoio do ex-prefeito, pois sabemos que ele pode nos ajudar, levando os assuntos ao conhecimento da população de Marília”, disse uma auxiliar.
A profissional revelou que faltam EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) nas escolas, itens fundamentais para que o trabalho seja desenvolvido com segurança e dentro das normas trabalhistas.
Dentro os itens de segurança preconizados aos ADEs, estão: luva de vinil para procedimento (troca de fralda, limpeza e banho); luva de látex ou PVC (Limpeza do local); sapato de segurança com solado antiderrapante (não pode ser somente com desenho antiderrapante); bota de PVC com solado antiderrapante; avental impermeável (para banho) e óculos de segurança ampla visão incolor. Itens, que segundo o grupo denunciante, só ficaram no papel e nunca foram adquiridos pela Prefeitura de Marília.
“O nosso cargo foi criado visando auxiliar os professores em sala de aula, para fornecer um bom atendimento, sobretudo, às crianças com necessidades especiais. Na hora de comer, troca, banho de emergência, essa era a nossa função. Com a escassez de servidores, houve uma sobrecarga e, hoje, fazemos de tudo, da manutenção, limpeza de banheiros à produção de merendas. Faltam funcionários desses setores e “abraçamos” todas as funções. Como tudo é mascarado no atual governo, a população não tem conhecimento do que realmente acontece nas escolas, faltam professores e nada é feito para resolver”, disse a auxiliar.

A questão financeira, segundo a denunciante, é outro problema latente na rede. “Nosso salário está defasado há muitos anos, alegam que não tem dinheiro para uma verdadeira valorização”.
LICITAÇÃO LIMPEZA/ A denunciante ainda lembra e se revolta com a abertura de uma nova licitação, de R$ 23 milhões, para a contratação de uma empresa para a limpeza das escolas. “O prefeito quer contratar 360 pessoas para fazer um serviço que estamos fazendo. Se está sobrando dinheiro, porque não investe na nossa categoria? Já tentamos conversar com o secretário Levi Gomes, que foi categórico em afirmar que não conversa com ADE. Nossa pauta é criteriosa, foi feito um estudo, não estamos brincando e o nosso pedido visa melhores condições de trabalho, que serão revertidas para a própria população de Marília”.
Ela ainda completou que os auxiliares já pediram uma audiência com o prefeito Daniel, através dos vereadores e junto à própria prefeitura. “Não queremos publicidade, queremos o que é realmente justo. Para licitações milionárias de radares, para a contratação de empresa de limpeza, tem recurso, para valorizar os ADEs, que são pessoas que já têm uma vida dedicada à educação, não tem. Os pais estão sendo enganados, mandam seus filhos para as escolas, para o seu desenvolvimento e não é o que acontece. Do jeito que as coisas andam, não podemos garantir que esses estudantes estejam em segurança e recebendo o melhor atendimento nas escolas municipais de Marília. É preciso chamar a atenção das famílias e do Ministério Público para esse escândalo que vem acontecendo”.