“Os países ricos poluíram o planeta e agora têm que pagar por isso”, diz Lula

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“Nós não queremos ajuda. Nós queremos um pagamento efetivo pelo que eles devem à Humanidade. Isso não é favor, isso é pagamento de uma dívida que vocês têm com o planeta terra, porque vocês derrubaram as florestas de vocês há 100 ou 150 anos”, observou o presidente

O presidente Lula afirmou nesta segunda-feira (14), em seu programa “Conversa com o Presidente”, que os países ricos poluíram o planeta e têm que pagar por isso. “Os países ricos começaram sua revolução industrial muito ante de nós. Eles poluíram o planeta. Eles derrubaram todas as suas florestas. Agora o que eles têm que fazer é contribuir financeiramente para que os outros países possam se desenvolver”, disse ele.

NÃO É AJUDA, É PAGAMENTO

“Nós não queremos ajuda. Nós queremos um pagamento efetivo pelo que eles devem à Humanidade. Isso não é favor, isso é pagamento de uma dívida que vocês têm com o planeta terra, porque vocês derrubaram as florestas de vocês há 100 ou 150 anos. Agora você pague para que a gente possa preservar as nossas florestas gerando emprego, gerando oportunidade de trabalho e condições para que o povo tenha uma vida melhoria. É isso o que os países amazônicos querem”, acrescentou Lula, ressaltando a importância do encontro do países amazônicos.

GASTOS COM A GUERRA

O presidente denunciou os gastos dos países ricos com a guerra. “No ano passado o chamado mundo rico gastou 2,22 trilhões de dólares em guerra. A diferença é que nós aqui no Brasil não queremos gastar com guerra, nós queremos gastar com investimentos nas coisas que vão gerar a melhoria da qualidade de vida das pessoas”, afirmou Lula.

“O nosso PAC prevê investimentos, entre público e privado, de 1,7 trilhão de reais, bem aquém do que eles gastaram com guerra, mas só na transição energética nós vamos gastar o equivalente a 540 bilhões de reais. Investimento para produzir eólica, solar, para produzir biomassa, produzir biodiesel e etano, para produzir coisas que possam significar que nós vamos ter uma indústria verde que é uma indústria que é tocada por energia elétrica que não depende de petróleo, de carvão, que não depende de coisa poluente. Depende de coisa limpa”, observou o líder brasileiro.

“Nós temos condições de chegar ao mundo, lá nos Emirados Árabes, e dizer o seguinte: ‘Olha, a situação é essa, queremos essa contribuição de vocês e isso não é favor. Isso é o pagamento de uma dívida que vocês têm com o planeta Terra, porque vocês derrubaram as florestas de vocês 100 anos antes de nós, ou 150 anos. Então, vocês paguem para que a gente possa preservar a nossa floresta, gerando emprego, gerando oportunidade de trabalho, e gerando condições de melhorar a vida das pessoas”, ponderou o presidente brasileiro.

“É isso que o Congo quer, que o Brasil quer, que a Bolívia quer, que o Equador quer, que a Guiana quer, é isso que quer a Colômbia, que quer o Peru, a Venezuela. É simples: façam as contas e vamos ver quanto é que vocês têm que colocar na mesa para a gente poder continuar preservando as nossas florestas”, acrescentou.

AMAZÔNIA VAI FALAR AO MUNDO

Segundo Lula, todo mundo fala e dá palpite sobre a Amazônia, mas é a primeira vez que a Amazônia e seu povo falam para o mundo. “Por isso vamos levar esse documento. Vamos ter algumas reuniões até chegar aos Emirados Árabes e vamos, pela primeira vez, discutir com mais seriedade a contribuição de países ricos para a preservação da floresta”, apontou.

“Foi um encontro histórico”, destacou Lula. “Quando chegar nos Emirados Árabes, no fim do ano, a gente vai ter, pela primeira vez, todos os países com florestas pensando a mesma coisa e exigindo a mesma coisa”, assinalou o presidente da República. Ele disse que os países amazônicos continuarão conversando para afinar as propostas que levarão aos países ricos na COP-28, nos Emirados Árabes, em dezembro.

“O encontro foi uma coisa excepcional. Nunca se discutiu a Amazônia com a força da sociedade como se discutiu dessa vez”, disse, lembrando que o encontro resultou em um documento comum, com voz dos países e de 30 mil pessoas que participaram dos Diálogos Amazônicos, evento que antecedeu a Cúpula.

O encontro cumpriu o objetivo de preparar o documento comum dos países amazônicos – Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Guiana, Suriname e Venezuela e teve também entendimento com outros países detentores de florestas tropicais – República do Congo e República Democrática do Congo e Indonésia – sobre o papel do mundo no esforço de preservação e manutenção das florestas em pé.

“A gente não quer que cada presidente abra mão daquilo que é sua convicção, daquilo que acredita”, disse Lula, referindo-se a diferenças com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro. “Coloca na mesa e vamos debater e dentre as divergências a gente vai construindo aquilo que é possível, aquilo que dá para cada um fazer”, disse ele. “Foi um encontro histórico. Vai render daqui para frente, porque quando chegar nos Emirados Árabes, no fim do ano, a gente vai ter, pela primeira vez, todos os países com florestas pensando a mesma coisa e exigindo a mesma coisa. Vai ser muito forte o encontro”, prosseguiu.

NÃO BASTA VER A COPA DAS ÁRVORES

Segundo o presidente, não basta enxergar a floresta e ver apenas a copa das árvores pelas imagens de satélite, mas é preciso olhar para as 50 milhões de pessoas que vivem nos países amazônicos, sendo 30 milhões apenas no Brasil. Se o povo não estiver na linha de frente das preocupações, não vai ter o resultado que a gente espera. “Pessoas que moram e precisam viver com dignidade, ter emprego, ter educação, ter saúde. As pessoas querem viver bem. Então, temos que cuidar da Amazônia como um todo, preservar nossas águas e ao mesmo tempo cuidar do povo que mora lá”, afirmou.

O presidente Lula falou também sobre o encontro dos BRICS. Disse que o encontro com os demais países servirá também para discutir os problemas econômicos, as desigualdades sociais e a paz. Segundo ele, os mais de dois trilhões de dólares gastos na guerra no ano poderiam ser destinados para gerar emprego, plantar produtos agrícolas e matar a fome de 700 milhões de pessoas no mundo. “O mundo não suporta guerra. É uma coisa insensata, desumana. O Brasil tem que manter sua posição de não ter contencioso com ninguém”, disse.

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