Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (20) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que as regiões do Brasil com mais armas são as que registraram maior aumento no número de homicídios em 2022. As mortes violentas recuaram 2,4% no ano passado em relação a 2021, mas o país atingiu o maior número de estupros da história.
Chamam a atenção dados relativos a outros crimes: quase 208 estelionatos por hora e perto de 1 milhão de roubos e furtos de celulares no ano passado.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, publicou nesta quinta-feira (20), em uma rede social, que os dados do Anuário mostram a importância de ações que o governo está adotando em seis áreas. Entre elas, um maior controle de armas e medidas de proteção às mulheres e contra o racismo. Em nota, o ministério disse que haverá mudanças nas regras de CACs, com redução da quantidade de armas e munição.
O número de armas com registros em dia, na Polícia Federal, subiu de 637 mil para mais de 1,5 milhão – crescimento de 144%. Quase a mesma quantidade, mais 1,5 milhão, está com registros vencidos. Isso significa que metade das armas que deveriam ser fiscalizadas pela Polícia Federal têm localização desconhecida.
O Anuário traz outra informação preocupante. Enquanto a quantidade de armas autorizadas cresce – e com fiscalização insuficiente -, o arsenal nas mãos das quadrilhas passa por uma renovação. Até o fim da década passada, as armas mais apreendidas eram revólveres. Hoje, aumentou muito o número de pistolas e fuzis, que têm um poder de fogo muito maior.
O coordenador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública diz que é preciso investir no controle e na fiscalização de armas e munições e criar um sistema de consulta para evitar que armas legalizadas passem para o crime organizado.
“Se não tem ninguém olhando para esse processo de migração das armas, do mercado legal para o mercado ilegal, do tráfico internacional de armas por parte da Polícia Federal, tudo isso acaba contribuindo com a inexistência de informações a respeito disso. Trata-se de uma falta de priorização da investigação e da produção de inteligência com relação a esses equipamentos”, afirma David Marques, coordenador de projetos do Fórum Brasileiro e Segurança Pública.