Um levantamento inédito sobre a empregabilidade dos jovens no país mostrou um dado preocupante: mais de 7 milhões de brasileiros não trabalham e nem estudam, são os chamados “nem nem”, e esse cenário impacta diretamente na economia.
Aos 20 anos, e com a filha de oito meses, Crislaine de Jesus Silva está longe dos estudos e fora do mercado de trabalho: “a gente vai atras, só pede com experiência, ai quando fala que tem filho já começa a te olhar diferente, e estudo não consigo por conta dela, porque eu fico com ela”.
A pesquisa, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), aponta que, atualmente, mais de 7 milhões de jovens, de 14 a 24 anos de idade, fazem parte do grupo conhecido como “nem nem”. Eles representam mais da metade do total de brasileiros à procura de emprego, e a maioria pertence a grupos mais vulneráveis da população. Pretos e pardos (68%) e mulheres, boa parte com filhos (60%).
“O desempoderamento do jovem que sofre racismo estrutural a vida toda e a tentativa de excluir mulheres de uma vida social mais ampla tem sido um fator importante”, diz Paula Montagner, subsecretária de estatísticas do MTE.
Na avaliação de economistas, jovens que não estudam e não trabalham vivem uma condição que, na maioria dos casos, vai afetar diretamente a qualidade do emprego que eles podem conseguir no futuro, além de influenciar a produtividade e a renda, o que também gera impacto na economia do país.
“Não estão gerando renda, e quando eles vierem para o mercado de trabalho, eles vêm menos qualificados, menos preparados, com salários mais baixos e com uma produtividade pior do que pessoas que estão trabalhando, se preparando”, afirma o economista Denis Medina.
Mas há meios para tentar mudar esse roteiro. “Não está conseguindo trabalho? Volta para a escola, procura cursos gratuitos, procura se capacitar de alguma forma”, diz Medina.