Juro alto e preço da matéria-prima fazem índice de produção cair

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Divulgados na última sexta-feira (20), os Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam para quedas na produção industrial, no número de empregos no setor e da utilização da capacidade instalada (UCI), na passagem de novembro para dezembro de 2022.

Divulgado pela entidade, o documento “Sondagem Industrial”, mostra que o índice de produção ficou em 42,8 pontos no último mês do ano passado, 5,9 pontos abaixo do registrado no mês de novembro. No mesmo período, o índice de evolução do número de empregados foi de 46,9 pontos, o que corresponde a uma diminuição de 2,1 pontos.

Já a utilização da capacidade instalada (UCI) apresentou uma retração de 4 pontos percentuais (p.p.) na comparação com novembro, recuando para 67%.

Ao frisar que em dezembro a UCI normalmente apresenta resultados menores, a CNI observou que “o percentual de dezembro de 2022 é menor que o registrado no mesmo mês dos dois últimos anos – período de atípica atividade industrial. Além disso, o percentual situa-se em posição intermediária entre os últimos dois anos e o resultado de dezembro de anos nos quais a atividade industrial apresentou dificuldades, como 2015 e 2016”, escreveu.

A entidade das indústrias afirmou, ainda, que o índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação ao usual registrou 42,2 pontos em dezembro, o que equivale a uma queda de 3,0 pontos, em relação ao mês anterior. Sendo este resultado um pouco menor que a média histórica para meses de dezembro (42,4 pontos) e indicando “que a utilização da capacidade instalada ainda está menor que a usual”.

A taxa de juro elevada está entre os maiores problemas apontados pelos empresários (23% dos entrevistados), perdendo apenas para as preocupações com a demanda interna insuficiente (29,8%), falta ou alto custo da matéria-prima (31,0%) e a elevada carga tributária (32,1%), um problema recorrente, historicamente, ocupar a primeira posição do ranking, só perdendo posições durante o período da pandemia de Covid-19, mesmo assim, ficou em o segundo lugar.

Sobre o apontamento do empresariado aos juros elevados, a CNI afirma “que o ano de 2022 foi marcado por sucessivas altas nesse item [taxas de juros elevadas], com percentuais acima dos 20% em todos os trimestres do ano, revelando que a questão ganhou destaque e ainda permanece em patamar elevado. Essa percepção por parte dos empresários está relacionada ao cenário econômico do País, devido aos reajustes consecutivos na taxa Selic”, diz o documento.

A taxa básica de juros da economia (Selic) soltou em março de 2021, de 2% ao ano, para os atuais 13,75% ao ano, por decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) – com o aval do governo Bolsonaro.

Com a taxa de juros nesse patamar, o Brasil é o maior pagador de juro real do mundo; tendo sua economia asfixiada, já que esta condição leva para o afastamento dos investimentos dos setores produtivos, elevando o endividamento do governo, das empresas e das famílias, inibindo o consumo de bens à população via o encarecimento do crédito – o que, consequentemente, afeta negativamente nos indicadores da indústria, comércio e varejo – o que leva para menos geração de empregos e queda dos salários.

De acordo com as sondagens feitas pela CNI, em janeiro de 2023, a maioria dos índices de expectativas aumentaram. “De forma que, o otimismo dos empresários industriais tornou-se mais intenso e difundido”, diz a entidade.

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