O ex-presidente Jair Bolsonaro gastou, com seu cartão coorporativo, cerca de R$ 27 milhões. Destes R$ 4,7 milhões foram gastos durante feriadões, motociatas ou dias sem agenda de trabalho e indícios de rachadinha com seis parcelas de R$ 9.500 para uma mesma padaria.
Com o fim do mandato presidencial, os gastos do cartão corporativo se tornam públicos e acessíveis através da Lei de Acesso à Informação (LIA). O requerimento foi da agência Fiquem Sabendo.
Em apenas quatro pagamentos, a Panificadora São Francisco do Sul, por exemplo, recebeu R$ 105 mil de Jair Bolsonaro. Três deles aconteceram no dia 3 de janeiro de 2022, somando R$ 65.786,53 em um único dia.
No dia 15 de abril de 2022, Bolsonaro pagou seis parcelas de R$ 9.500 para a “Lanchonete Tony e Thais Ltda.”, além de uma de R$ 5.206. No total, foram R$ 62.206.
O ex-presidente, nessa mesma “lanchonete”, fez dez pagamentos do exato mesmo valor, R$ 9.000, em dias diferentes. As compras de idêntico valor, e que totalizam R$ 90 mil, foram feitas entre junho de 2019 e agosto de 2020.
Outro gasto que levantou suspeitas foi o de R$ 109 mil no restaurante Sabor de Casa no dia 26 de outubro de 2021. O restaurante, cuja dona é Roberta Rizzo, faz entregas de marmitas que variam entre R$ 17 e R$ 23 mil.
Rizzo falou que “eles solicitaram almoço e uns kits de lanche para atender à equipe de segurança”. A dona do restaurante falou que vendeu para o governo, em um único dia, 659 marmitas com bebida, de R$ 30 cada, e 2.964 kits de lanche, também de R$ 30.
Ainda, um levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo, que cruzou os dados dos pagamentos feitos com o cartão corporativo com as datas em que Jair Bolsonaro não trabalhou ou esteve presente em motociatas e outras atividades não ligadas à Presidência, revelou que os gastos no cartão corporativo nessa situação foi de R$ 4,7 milhões.
Quando Bolsonaro viajou para Santa Catarina e Guarujá (SP), no final de 2020, os gastos do ex-presidente no cartão corporativo chegaram a R$ 1 milhão. Quase metade, R$ 493 mil, refere-se à hospedagem no Ferraretto Hotel, no centro de Guarujá. Outros R$ 57 mil foram gastos em um mercado de alimentos.
Um ano depois, novamente de férias autoconcedidas, Bolsonaro foi para Guarujá e depois para Santa Catarina. R$ 73 mil foram usados somente em um posto de gasolina, enquanto R$ 66 mil foram em uma padaria.
Em uma “motociata” que promoveu em São Paulo, em junho de 2021, quando cerca de 1.700 pessoas morriam por dia de Covid-19, foram registrados gastos de R$ 61,3 mil no Blue Tree Faria Lima e R$ 12,9 mil na “Lanchonete Tony e Thais”.
No mês seguinte, Bolsonaro realizou uma motociata em Porto Alegre. Em um único dia, usou R$ 1.640 de dinheiro público em combustível.