Posição do Brasil no ranking global da indústria de transformação piora no governo de Bolsonaro

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O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), com base em dados da United Nations Industrial Development Organization (Unido) informou que entre 2020 e 2021, o Brasil piorou a sua posição no ranking global de valor adicionado da indústria de transformação (MVA – sigla em inglês para Manufacturing Value Added).

O Brasil caiu do 14ª para a 15ª posição do ranking, tendo que sua participação no MVA mundial caiu de 1,31% para 1,28%. Em 2005, o Brasil tinha a nona maior indústria de transformação do mundo.

O valor adicionado da indústria de transformação brasileira cresceu 4,8% em termos reais em 2021, após uma queda de 4,6% no ano anterior. Em contraponto, o valor adicionado da indústria mundial, na média, cresceu 7,2% em 2021, mais do que compensando o recuo de 2020 (-1,3%), devido ao choque da pandemia.

A China, dentre vários países, preservou sua posição de líder no ranking das maiores indústrias de transformação no ano passado, atingindo sua maior participação já registrada, de 30,5% do valor adicionado do setor (MVA), quase o dobro do segundo colocado, os EUA (16,8%), seguido por Japão (7,0%),  Alemanha (4,8%) e Índia (3,16%).

“Já faz mais de uma década que ficamos abaixo do desempenho industrial global, com o que não surpreende a rota descendente de sua posição no ranking da UNIDO”, afirmou o Iedi em sua carta intitulada de “Novo retrocesso do Brasil na Indústria Mundial”, ao destacar que a queda brasileira no ranking global deve-se à baixa acumulação nestes anos nos ramos de alta intensidade tecnológica, como farmacêutico, de equipamentos elétricos, produtos óticos e eletrônicos, que levou o desempenho da indústria mundial a “se manter no positivo nos últimos três anos, sendo que este último segmento tornou-se, em 2021, o maior segmento da indústria de transformação em termos de MVA mundial.

De acordo com os dados da UNIDO, na indústria de média e alta intensidade tecnológica, a participação no MVA total para o Brasil caiu de 35,5% em 2015 para 33,7% em 2021. A média do grupo a que o Brasil pertence é de 39,3%, enquanto no agregado do setor no mundo chega a 45,1%.

O Instituto destacou, ainda, que “a participação da indústria de transformação no PIB, segundo os dados atuais da UNIDO, caiu entre 2015 e 2021 de 10,5% para 10,2% no Brasil, ficando bem aquém da média de 22,9% dos países do grupo ao qual o Brasil pertence e do agregado mundial, de 16,9%. O MVA per capita do Brasil encolheu de US$ 927 em 2015 para US$ 875 em 2021, o que equivale a 42% do MVA per capita dos países industrializados de renda média e quase 50% do valor na média mundial”.

Para reverter este quadro, o IEDI considera que o país precisa de uma política de desenvolvimento industrial, que considere a composição da indústria de transformação, além de uma reforma tributária que nos aproxime do padrão mundial de impostos sobre valor adicionado (IVA) e por uma maior integração ao comércio internacional.

O Brasil, ao longo destes últimos anos, vem sofrendo um forte movimento de desindustrialização decorrente de uma economia estagnada, mas, principalmente, puxada pela entrada estúpida de “investimento direto estrangeiro” (IDE) no país – estimulada pela política de câmbio flutuante, metas de inflação e metas fiscais, que consistem na prática para manter os juros altos e cortar de investimentos públicos para garantir os altos ganhos dos banqueiros, rentistas e outros especuladores dos títulos da dívida pública.

O câmbio flutuante só serve para atrair compradores para as nossas estatais e empresas privadas nacionais, que são vendidas na bacia das almas para o capital estrangeiro, que busca obter o máximo do lucro aqui para remetê-lo para fora.

Além disso, o receituário neoliberal de portas escancaradas para as corporações estrangeiras só agravou ainda mais o problema da desindustrialização no país, como destacou recentemente o economista José Luís Oreiro.

“A solução liberal para o problema – reduzir as tarifas de importação – só vai contribuir para acabar com o que resta da indústria nacional. Nas condições atuais a indústria brasileira não tem como aguentar uma nova onda de abertura comercial. O diagnóstico liberal é de uma tolice inacreditável, pois a competitividade não resulta automaticamente de mais pressão competitiva, mas do investimento em novas máquinas e equipamentos. É preciso criar as condições macroeconômicas para as empresas industriais voltarem a investir. O que significa juros baixos, câmbio competitivo e o retorno do crescimento da economia”, destacou o economista.

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