Gabriel Monteiro, ex-vereador do Rio de Janeiro, foi preso pela Polícia Civil após ser decretada prisão preventiva contra ele pela Justiça do Rio de Janeiro em um processo por acusação de estupro.
O ex-vereador se apresentou voluntariamente na 77º Distrito Policial, em Icaraí, em cumprimento à decisão do juiz Rudi Baldi Loewenkron, da 34ª Vara Criminal do Rio. O ex-vereador é acusado de estuprar e agredir uma mulher na casa de um amigo no Joá. O processo corre em segredo de Justiça.
De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Rio à Justiça no fim de outubro, a mulher afirmou que Gabriel a forçou a manter relações sexuais, depois de lhe apontar uma arma, na casa de um amigo do ex-vereador no Joá. O youtuber também teria tentado filmar a relação sexual, mas o celular estava descarregado.
O ex-vereador teria se recusado a usar preservativo, segundo a denúncia. A mulher, por causa disso, diz que acabou contraindo HPV, uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível). Um laudo médico realizado após o episódio confirmou que a vítima tinha lesões na genitália.
A vítima conta que conheceu Gabriel na festa de reabertura de uma boate na Barra da Tijuca. Os dois se beijaram e trocaram carícias na boate, e seguiram para a casa desse amigo do ex-vereador. No imóvel, a mulher foi levada por Gabriel até um quarto. Ao tentar deixar o cômodo, de acordo com a denúncia, Gabriel trancou a porta, retirou a arma da cintura e com ela acariciou o rosto da vítima.
“O denunciado a empurrou de forma violenta sobre a cama e começo a ter relação sexual de forma violenta, mesmo sem preservativo, mesmo após os apelos da vítima para que não mantivesse relações sem camisinha’’, diz um trecho da denúncia.
Durante a relação, a vítima teria levado vários tapas no rosto enquanto era obrigada a responder perguntas do ex-PM. Em um dos momentos, ele questionou se ela também manteria relações sexuais com um dos seguranças. Levou tapas ao responder afirmativamente e negativamente.
Ainda de acordo com a denúncia, o estupro teria ocorrido na madrugada de 15 de julho, quando ainda era vereador. Na ocasião, o Conselho de Ética já havia encerrado a tomada de depoimentos de testemunhas de defesa e de acusação no processo contra o político.
Gabriel respondeu por quebra de decoro por ter filmado relações sexuais com uma adolescente de 15 anos e por expor duas crianças em situação de vulnerabilidade em produções que faz para suas redes sociais.
Gabriel também era acusado de agressão a um morador de rua cometida por seu segurança durante uma dessas filmagens, segundo relatório do vereador Chico Alencar (PSOL).
Num vídeo postado em seu perfil no Instagram após se entregar à polícia, Gabriel Monteiro disse que se apresentou na delegacia após saber do mandado:
“Fiquei sabendo pela minha advogada que foi decretada minha prisão preventiva por um crime que eu não fui escutado na delegacia. Respeito as autoridades, por isso que eu estou vindo aqui. Não fui conduzido pela polícia. Assim que eu fiquei sabendo, vim imediatamente me entregar pra Justiça, porque eu acredito nela. Sei que minha inocência vai ficar comprovada, não só tecnicamente, mas para todo o Brasil, de forma de que fique incontestável qualquer acusação contra mim”.
No início da noite, o advogado de Gabriel Monteiro, Sandro Figueiredo, levou à delegacia duas sacolas com comida e material de higiene, como um rolo de papel higiênico. É comum que familiares e advogados levem alimentos e outros produtos de uso pessoal para quem acabou de ser preso.
Mais cedo, o advogado de Gabriel Monteiro disse desconhecer a acusação.
— Desconheço essa acusação de estupro. Até o momento Gabriel Monteiro não foi chamado para prestar qualquer esclarecimento sobre esses os fatos — disse Figueiredo.
Ex-policial militar, Monteiro perdeu o mandato de vereador no Rio em agosto por quebra de decoro parlamentar, após suspeitas de praticar sexo com uma adolescente e de forjar vídeos para seu canal no YouTube.
Em março, a mãe da jovem de 15 anos procurou a polícia após os vídeos terem vazado no Twitter e em grupos de WhatsApp.
Em depoimento, a adolescente disse que os vídeos foram divulgados sem o consentimento dela e que Monteiro havia dito que o vazamento do material foi feito por funcionários que o teriam “traído.”
A defesa de Monteiro afirma que seu cliente achava que a jovem era maior de idade.
Em junho, o político foi denunciado por suspeita de assédio e importunação sexual contra uma ex-assessora de seu gabinete. Monteiro negou as suspeitas ao longo do processo que terminou com a perda do mandato.