Um levantamento feito pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) a pedido do jornal O GLOBO, divulgado neste domingo (4), revelou que 59% dos brasileiros que preferem o trabalho com carteira assinada.
Além disso, para 43% dos entrevistados, o maior problema do país é o desemprego. Apenas 21% discordam da carteira assinada e 19% não concordam e nem discordam.
A pesquisa, que foi feita pela internet com 2 mil pessoas acima de 16 anos, das classes A, B e C, em julho deste ano, mostra que a maioria dos brasileiros almejam trabalho com estabilidade e com pagamentos regulares e garantias de direitos.
No trimestre de maio a julho de 2022, o Brasil bateu recorde de trabalhadores sem carteira com o nível de emprego elevado, de acordo com números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada na última quarta-feira (31) pelo IBGE.
São mais de 39 milhões de pessoas, ou quase 40% da força de trabalho no País na informalidade do trabalho, ou seja, exercendo atividades de trabalho precário, com instabilidade ou jornada excessiva, baixos salários e sem direito a férias, aposentadoria, entre outros direitos trabalhistas.
Estimada em 9,9 milhões, os mais 4,2 milhões de “desalentados”, pessoas que desistiram de procurar emprego por não acreditar que há oportunidade ou por outros motivos. A soma dos que estão sem emprego algum com aqueles que fazem bicos vai a 24,3 milhões (“subutilizados”)
No desemprego aberto, aproximadamente 3 milhões, cerca de 30% do total, estão há mais de dois anos desempregados, segundo cálculos da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Com a maioria das vagas ocupadas em atividades sem direitos trabalhistas, o rendimento do trabalho médio chegou a R$ 2.693 no trimestre, uma queda de 2,9% no ano. No trimestre encerrado em julho, o rendimento médio real habitual era de R$ 2.773. O valor de R$ 2.693 também está 5% abaixo do pré-pandemia (fevereiro de 2020).
O desemprego lidera a lista de preocupações dos brasileiros, de acordo com outra pesquisa do Ipec, também realizada em julho a pedido do GLOBO, que foi feita de maneira presencial com 2 mil pessoas acima de 16 anos em 128 cidades de todas as regiões.
Para 43% dos entrevistados, o desemprego é percebido como o maior problema do país. O percentual dos que apontam a falta de emprego em 2022 é quase o mesmo de 2018, dentro da margem de erro de 2% pontos percentuais para mais ou para menos. Em 2018, o desemprego foi apontado por 45% dos entrevistados, ficando atrás apenas da Saúde, que apareceu com 46%.
Outra questão a ser observada é que a inflação e a fome estão entre as preocupações dos brasileiros em 2022, para 18% e 17% dos entrevistados, respectivamente.
Na sondagem de 2018, essas preocupações não constavam, mas sim com falta de moradia, questão que ficou de lado diante das dificuldades que os brasileiros estão enfrentando hoje de carestia dos preços dos alimentos.
Na sondagem de 2022 ainda, a preocupação com o desemprego é maior entre as mulheres (45%, contra 40% dos homens), no grupo que parou de estudar no ensino médio (46%) e nas parcelas mais vulneráveis, já que aumenta conforme mais pobre é o estrato: 53% dos que têm renda familiar mensal até um salário mínimo tratam o assunto de forma prioritária, índice que é de 31% entre os que recebem mais de cinco salários. No recorte por região, o Nordeste lidera com 46%.