Apesar do aumento para R$ 600, Auxílio Brasil está defasado se comparado à inflação 

Brasil Política Últimas Notícias

O Auxílio Brasil de R$ 600, que será pago entre agosto e dezembro, já chega defasado para as cerca de 20 milhões de famílias que vivem em situação de pobreza e aguardam na fila para poderem receber o benefício, cujo valor de compra já não é mais o mesmo que tinha em 2020, quando o auxílio emergencial foi pago por causa da pandemia de Covid-19.  

De acordo com cálculos de especialistas, para que tivesse o mesmo poder de compra de abril de 2020, o auxílio deveria ser de R$ 732,12. 

Na PEC (proposta de emenda à Constituição), publicada na última sexta-feira (22), está determinada a ampliação do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600. Porém, mesmo com o valor corrigido, ainda não deve trazer de volta à mesa da população mais pobre itens como carne, leite e seus derivados, além de outros produtos.   

Nesta segunda-feira (25), foi antecipado para agosto o início do pagamento do auxílio. O calendário com as datas de pagamento tem por base o Número de Inscrição Social (NIS) de cada beneficiário. Atualmente, 17,5 milhões de famílias são atendidas pelo programa. 

O empobrecimento dos brasileiros está cada dia maior. Prova disso é o aumento da fila do Auxílio Brasil, que chegou a 1,5 milhão de famílias em julho, dobrando em apenas dois meses, com mais de 130,5 mil famílias na fila nas principais capitais do país, Rio e São Paulo. 

O Mapa da Nova Pobreza, elaborados pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), mostram o crescimento da pobreza no país, desde 2019 até o ano passado. O total de pessoas com renda domiciliar per capita até R$ 497 mensais atingiu 62,9 milhões de brasileiros em 2021, cerca de 29,6% da população total do país. Em 2021, este número corresponde a 9,6 milhões de pessoas a mais que em 2019. 

Marcelo Neri, diretor da FGV Social, explica que com o fim do Auxílio Emergencial (benefício dado durante a pandemia) e a transição para o Auxílio Brasil, pelo menos 20 milhões de famílias ficaram sem nenhuma ajuda financeira. A demanda dessa população por ajuda financeira ajuda a aumentar a fila. 

Com o fim do Auxílio Brasil em dezembro de 2022, a pobreza em 2023 deve aumentar muito, na opinião de Neri. Ele adverte ainda que, se o benefício for mantido, deve-se fazer novo planejamento. 

Segundo o diretor do FGV Social, o Auxílio Brasil não foi bem formulado: “Não está focando os mais pobres. Por exemplo, não dá mais recursos para famílias maiores e isso poderia ser feito usando a informação do Cadastro Único (CadÚnico). As famílias menores têm renda per capita mais alta”, ressalta. 

Compartilhar esta notícia agora: