As vendas no varejo da indústria de eletrônicos e eletrodomésticos caíram 19% nos cinco primeiros meses de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado, devido principalmente ao atual ambiente de juros mais altos, inflação e queda da renda do trabalho, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).
No segmento de linha branca, a frustração do setor é ainda maior, um recuo de -24% nas vendas.
O recuo, segundo a Eletros, reflete uma desaceleração na demanda por bens atrelados ao crédito, além do efeito de uma base de comparação forte. No início de 2021, o setor ainda se beneficiava do auxílio emergencial.
A economia estagnada, com desemprego elevado e sofrendo da alta generalizada dos preços, faz com que os brasileiros cada vez menos tenham espaço em sua renda para gastar com o consumo, já que as despesas do dia a dia, como a alimentação e contas básicas (como aluguel, contas de luz e água, do gás de cozinha, entre outros), tomam quase de todo orçamento das famílias.
O crédito bancário, que já era caro, encareceu ainda mais com os sucessivos aumentos pelo Banco Central (BC) da taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,25% ao ano. Neste cenário, a maioria daqueles que estão se arriscando a pegar crédito é com objetivo de tentar fechar as contas do mês.
No primeiro trimestre deste ano, a produção de eletrodomésticos caiu 25,3% em relação a igual período do ano passado, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O vice-presidente da Panasonic Brasil, Sergei Epof, afirma que “a queda no primeiro trimestre está muito relacionada com o caixa do consumidor”, disse.
“A inflação subiu muito e a inadimplência também aumentou. O dinheiro disponível do consumidor brasileiro para uma parcela de eletrodoméstico foi sendo consumido pela comida, pela energia, pela gasolina”, afirmou Epof, destacando que o mercado brasileiro vive hoje uma combinação entre uma demanda mais fraca com um produto mais caro e um crédito também mais caro.