Divulgada nesta sexta-feira (8), uma pesquisa do Datafolha mostra que o eleitorado apresenta uma acentuada diferença de preferência na escolha de candidato à Presidência da República de acordo com seu grau de estabilidade financeira e de renda.
Segundo os resultados obtidos pelo levantamento, as curvas de intenção de voto do ex-presidente Lula (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) se invertem à medida que esses dois fatores variam.
Lula lidera a pesquisa no geral e amplia sua vantagem ao se considerar apenas os chamados eleitores vulneráveis, que são os de baixa renda e rendimento instável.
Bolsonaro, que segue um distante segundo lugar na população em geral, fica na liderança quando se trata de entrevistados considerados superseguros, esses são os mais ricos e com fonte financeira mais garantida.
Os dados da pesquisa foram coletados nos dias 22 e 23 de junho, sendo realizadas 2.556 entrevistas em todo o país.
O levantamento mostrou que Lula tem 47% das intenções de voto. Já Bolsonaro aparece com 28%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos em se tratando do universo geral de eleitores e sobe variando nos recortes mais restritos da amostra.
Em relação ao vulneráveis, o candidato petista aparece com um pico de 57%. Nesse cenário, o atual presidente tem apenas 19%. Esse é o mais populoso dos segmentos e a vantagem é o dobro da obtida na população em geral.
O desempenho de Bolsonaro dá um salto quando é levada em consideração a categoria dos “superseguros”. Esses são os entrevistados com renda familiar estável e acima de cinco salários mínimos. Nesse contexto, é mais alta a avaliação positiva do governo federal do que na média da sociedade.
De acordo com o Datafolha, os critérios para a divisão foram adotados a partir de análises estatísticas de diferentes características de perfil do eleitor que indicaram variáveis fortemente correlacionadas com intenções de voto.
A análise do instituto fez uma separação do eleitorado em três grupos, de acordo com a atividade econômica desenvolvida: economicamente ativo estável (assalariados registrados, funcionários públicos, aposentados e profissionais liberais), ativo instável (free-lancers e desempregado procurando emprego, por exemplo) e não ativo ajustado (seriam estudantes e desempregados que não buscam emprego).
Em seguida, o cruzamento de dados mostrou cinco grupos: vulneráveis, resilientes, seguros, superseguros e amparados. Os vulneráveis são 37% dos eleitores, composto por cidadãos de renda instável e que não integram a população economicamente ativa.
Fazem parte deste grupo as donas de casa e desempregados que não procuram emprego. Os resilientes são 17% do total. Eles são os que têm renda de até dois salários mínimos e têm perfil estável.
Com relação a estabilidade financeira e de renda, Lula perde a liderança. Nesse grupo há mais simpatia pelos dois principais candidatos que se colocam como alternativas à polarização. Bolsonaro tem 42% das intenções de voto. A candidatura do PT fica com 30%. Ciro Gomes (PDT) vai a 12%. Já Simone Tebet aparece com 5%, uma de suas pontuações mais altas entre os diferentes recortes da pesquisa.
Lula lidera na faixa mais pobre e diminui sua liderança gradualmente até deixar de existir nos dois grupos da sociedade mais privilegiados economicamente.
Dados mais detalhados da pesquisa mostram que os vulneráveis afirmam ser os mais afetados com a crise econômica. Nessa fatia, 57% afirmam que tiveram a situação financeira piorada, ante 47% no geral da população.
40% afirmam que a quantidade de comida em casa é menor do que a suficiente, 26% no universo geral. Nesse cenário, 44% recebem o Auxílio Brasil ou moram com alguém que recebe, 22% no eleitorado total.
Quando se fala de rejeição, Lula também tem um ponto de fragilidade. Entre os “superseguros”, o índice do candidato do PT é de 59%. Já o de Bolsonaro fica em 51%. O ex-presidente tem a taxa negativa mantida elevada entre os seguros: 47%.
No subgrupo de vulneráveis, os candidatos da terceira via têm uma vantagem, em tese: seu baixo grau de conhecimento. Oitenta e seis por cento, por exemplo, dizem não conhecer Simone Tebet — na população em geral são 77%. Uma modesta taxa de conhecimento sugere que o candidato, na teoria, tem potencial de crescimento no eleitorado à medida que aparece no decorrer da campanha, enquanto adversários já conhecidos são imediatamente rejeitados.