Foi formatada uma geração que apresenta déficits que resultarão em um futuro ainda mais incoerente.

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“Os evolucionistas são exemplos da própria evolução”. Diz o PhD em neurociências e biólogo luso-brasileiro Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela

Preocupado com o futuro, o PhD, neurocientista, antropólogo e biólogo, membro-sócio da APBE – Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva, Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela, que em 2018 publicou um estudo que comprova que as gerações estão ficando menos inteligentes, exemplificou a evolução para alertar um possível futuro para humanidade, que colocaria em risco a nossa espécie ou nos tornaríamos adaptados a uma nova realidade de sobrevivência. Este assunto é algo que ocupa o seu campo de pesquisa já há alguns anos.

“A última região do cérebro a se formar é o lobo frontal, justamente a região da inteligência, diferente das demais espécies, encontramos na lógica uma maneira de sobreviver. Sendo mais específico ao alvo, o córtex pré-frontal no cérebro revela comportamentos que garantem essa afirmativa perigosa de que estamos regredindo, ou prefiro dizer, elegendo uma nova adaptação que mudará a nossa percepção sobre a vida. Quem sabe não deixaremos de enxergar a morte como seres-humanos e passaremos ao enxergá-la como os demais animais sofrendo menos e perdendo a crença, de forma semântica à religiosa, pela falta do pensamento coerente sobre ela.”, refere Abreu.

Para Abreu, a sociedade atual caminha para uma existência desfasada, pouco nítida, uma existência facilitada que não nos conduz no desenvolvimento das nossas habilidades e capacidades. Isto, no seu ponto de vista, terá várias consequências pouco benéficas no nosso desenvolvimento e aperfeiçoamento intelectual.

O neurocientista explica que “O córtex pré-frontal está relacionado com o controle emocional, lógica, tomada de decisão, atenção, coerência, planejamento, reflexão, percepção, entre outros elementos que revelam diretamente ou em conjunto a inteligência. Pense em cada elemento que coloquei aqui e reflita se as crianças e jovens de hoje estão tendo dificuldades em relação a eles. Aumento de casos de TDAH – Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade, falta de controle emocional com relação a TPD – Transtornos de Personalidade Dramáticos, falta de lógica e coerência, dificuldade no foco atencional, dúvidas para as decisões, imaturidade, falta de planejamento, erros nas reflexões e falta de percepção do óbvio relacionado a lógica, entre outros.”.

Voltando à frase mote deste artigo, Abreu refere o porquê da sua escolha.

“Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829) era um cérebro evoluído para a sua época, dando ênfase no que digo sobre os evolucionistas serem exemplos da própria evolução. O naturalista francês disse que as espécies se modificam para adaptar-se, mas regridem, a lei do uso e desuso não estava totalmente correta para tudo, entre as exceções está o cérebro; que quando utilizado se aprimora, quando não utilizado, se atrofia (claro que com nuances não determinadas).”, diz.

Para Abreu vamos entrar num ciclo vicioso, em que as nossas ações e escolhas de hoje irão prejudicar o futuro das gerações vindouras.

“A transmissão dos caracteres adquiridos em vida – se esta geração está menos inteligente – logo a próxima geração virá menos inteligente e isso sucessivamente, moldando um novo tipo de inteligência, sempre tentando prevalecer a sobrevivência ou, quem sabe, extinção. Há também a relação com a epigenética onde os reguladores gênicos, passarão adiante os hábitos em vida até à reprodução, não de forma generalizada.”, refere o neurocientista.

Em jeito de conclusão, Abreu quer ainda “chamar a atenção para essa cultura das redes sociais que formam comportamentos semânticos que interferem na evolução do cérebro, assim como sensações que alteram a sua anatomia, prejudicando a geração presente e acarretando em consequências futuras. A mudança dos hábitos e a regulação torna-se prioridade governamental e escolar, não omitindo os pais, mas levando em consideração que a maioria está “contaminado” por esta cultura. Nossa linha cronológica comprovou a necessidade do equilíbrio, mesmo que este tenha que ser regulado por cérebros menos afetados.”.

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