Na tarde da quarta-feira (30) um trote realizado por estudantes de Medicina Veterinária no campus da Universidade Federal do Paraná, em Palotina, terminou em tragédia, 25 alunos tiveram queimaduras pelo corpo e 21 precisaram ser hospitalizados.
O estudante João Marcos Lotici, contou que teve várias queimaduras pelo corpo durante o trote promovido pelos veteranos da universidade, em um terreno que fica em frente à instituição.
“Nós tivemos primeiro o trote limpo, em que fomos aos semáforos para pedir dinheiro, com o cabelo raspado e pintados com tinta. Nesta parte foi super tranquilo e divertido. De última hora, quando terminou essa parte, veio o trote sujo. Eles [os veteranos] fizeram todo mundo se ajoelhar no chão, passar uma cebola de boca em boca, jogaram leite azedo, água fria e por último a creolina no nosso corpo”, conta. Ele relata que a humilhação pegou todo mundo de surpresa. “Eu e mais três pessoas perguntamos o que era esse produto e no começo achamos que era azeite. Eles não falaram nada e foi aí que começaram a jogar o produto na nossa nuca e no cabelo. Nisso começou a arder muito, queimar demais e todo mundo começou a gritar de muita dor, sem saber o que fazer”, relembra.
Um vídeo divulgado pela Polícia Civil mostra a interação entre os alunos. Nas imagens, os calouros aparecem com tintas pelo corpo, ajoelhados e passando uma cebola de boca em boca. Segundo o delegado Pedro Lucena, garrafas de creolina foram apreendidas e agora está sendo investigado se foi esse o produto que provocou as queimaduras.
A recepção de novos estudantes, com o famoso trote, ainda é comum em muitas universidades brasileiras. A “brincadeira” feita pelos veteranos é uma forma de dar boas-vindas aos calouros pela passagem estudantil para a universidade.
Porém, com vários relatos de humilhações e agressões, o trote passou a ser banido por muitas instituições nos últimos anos. Para evitar ações violentas com os novos alunos, a Universidade Federal do Paraná criou a campanha Trote Solidário. A ideia é promover a integração dos calouros com a instituição e incentivar ações de cidadania
“Esses estudantes que promoveram o ato violento contra esses calouros são egressos de 2020. Isso não se trata de um trote e é uma situação que não conseguimos classificar. A gente promove um programa que estimula o trote solidário, com pinturas em escolas e hospitais, por exemplo”, explica a pró-reitora de assuntos estudantis da UFPR, Maria Rita de Assis César.