No ano de 2021 o endividamento das famílias brasileiras chegou a 70,9%, o maior nível em 11 anos, chegando a seu nível mais crítico no final do ano com 76,3% em dezembro, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio.
Para famílias com orçamento de até 10 salários-mínimos, o endividamento atingiu um patamar recorde no último ano, com 72,1%. Já passa pessoas com renda superior aos 10 salários-mínimos a taxa chega a 66%.
Apenas a região Centro Oeste registrou redução no endividamento familiar em 2020. Os maiores aumentos registrados foram no Sul e Sudeste.
Os números mostram que os brasileiros têm recorrido ao crédito para manter o consumo. Já para família com orçamento superior aos 10 salários-mínimos, o endividamento aumentou devido à demanda represada por serviços, e crescimento do uso do cartão de crédito.
“O processo de imunização da população possibilitou a flexibilizaçao da pandemia, refletindo no aumento da circulação de pessoas nas áres comerciais ao longo do ano, o que respondeu à retomada do consumo”, afirma.
O crescimento da demanda por crédito, porém, não puxou para cima os números de inadimplência das famílias, que segundo a Peic, registraram leve queda contra 2020, e fechou 2021 em 25,2%.
O atraso no pagamento de contas ou dívidas seguia tendência de queda até maio de 2021, mas voltou a subir e fechou dezembro em 26,2% do total de famílias, patamar acima da média.
Com o indicador de atraso de contas crescendo nos últimos meses do ano passado, a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa, acredita que o cenário deve se sustentar nos primeiros meses de 2022. Ela cita o enfrentamento de cenário adverso, com juros e inflação altos e dificuldade de recuperação do mercado de trabalho formal, aliados ao vencimento de despesas típicas do primeiro trimestre.